Camila de Melo Malfarage ¹ , Dra. Ana Paula Dias Pereira ²
¹ Estudante do Curso de Psicologia
² Orientadora, Professora do Curso de Psicologia, UNINOVE, São Paulo /SP
Em uma gestação a mãe normalmente deseja que seu filho seja saudável, que em seu parto tudo ocorra bem e idealiza seu pós-parto em casa e com seu bebê nos braços, em contra partida para uma mãe ter seu filho internado numa Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI – NEO) é totalmente aversivo pois o vínculo entre a mãe e o recém-nascido é comprometido através da separação física. A gestação implica mudanças físicas e psicológicas na mulher, essas mudanças transformam todas as áreas de sua vida, seja profissional, social ou pessoal. Sentimentos de ansiedade, insegurança, medo, angústia e preocupação acompanham a gestante, porém quando é descoberto uma doença durante o processo de gestação e é diagnosticada com gravidez de alto risco, esses sentimentos são potencializados, deixando a grávida ainda mais vulnerável. Os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), devem ser tratados conforme a Política Nacional de Humanização (PNH), que tem como uma de suas diretrizes o acolhimento. Acolher é a capacidade de identificar que a demanda trazida pelo outro é uma necessidade de saúde. Ações com vistas à humanização devem pautar-se na construção do cuidado singular, na integralidade e no respeito à vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental não é apenas uma ausência de doença, mas sim um estado de bem-estar no qual o indivíduo tem a capacidade de fazer uso de suas habilidades, se recuperar do estresse causado pela rotina, contribuir com sua comunidade e ser produtivo. Nesse contexto de integralidade do cuidado na saúde das mães e das gestantes de uma forma geral, prevenir e promover ações que gerem saúde mental também é fundamental para a efetividade e humanização do tratamento.
OBJETIVO
Para tanto este trabalho tem por objetivo apresentar a experiência do Estágio Profissionalizante em Intervenções em Processos Psicossociais com ênfase em Prevenção e Promoção de Saúde, do curso de Psicologia em um hospital público localizado na Zona Sul do Município de São Paulo. O trabalho consiste em prestar atendimento humanizado através de acolhimento psicológico para as mães na Sala de Espera da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e para gestantes de alto risco, visando sua integralidade e
subjetividade nesse contexto de mudanças que a maternidade causa.
MÉTODO
O trabalho iniciou-se com levantamento de literatura cientifica, reconhecimento do campo de estágio e identificação das possíveis demandas. As intervenções foram realizadas através de acolhimentos psicológicos semanais no período de agosto a novembro de 2022. O acolhimento psicológico nesse contexto foi de uma escuta ativa, oferecendo espaço para que as mães e gestantes expressassem as suas angústias, medos, inseguranças e especialmente suas emoções. O espaço de escuta foi recebido pelas mães como uma condição de apoio e continência psicológica, favorecendo uma reorganização dessas mães frente à situação de sofrimento psíquico.
RESULTADOS
Participaram dos acolhimentos 7 mães na sala de espera da UTI NEO e 5 gestantes de alto risco. Os resultados obtidos foram os relatos das mães e gravidas de alto risco que expressaram sua gratidão e confessaram sentirem-se aliviadas emocionalmente e mais calmas após os atendimentos, todas agradeceram a escuta da psicologia e confessaram sentir-se solitárias e vulneráveis. Os profissionais do hospital evidenciaram a necessidade do psicólogo no ambiente hospitalar, principalmente em um momento tão difícil, onde um acolhimento é de extrema contribuição para diminuir os sentimentos aversivos causados pela hospitalização. Foi nesse contexto de fragilidade, ansiedade, medo e vulnerabilidade emocional vivenciados pelas pacientes que a psicologia hospitalar teve campo de atuação.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o acolhimento psicológico humanizado é de extrema contribuição para diminuir os sentimentos aversivos causados pela hospitalização e promover a saúde mental materna, pois auxilia as mães a assumirem o protagonismo da maternidade e faz com que elas consigam elaborar com mais clareza seus conflitos psíquicos e expressar as suas emoções. Entretanto, a experiência discente evidenciou a necessidade e importância de manter espaços para atendimentos psicológicos nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatal e nos leitos de gestão de alto risco, com atuação do psicólogo pautada na perspectiva interdisciplinar e na humanização do cuidado para garantir a integralidade do cuidado.
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